sábado, 14 de março de 2015

Meus confrades tentaram me sacanear!!! Mas ao final, me dei (muito) bem!

Em uma quinta-feira de semanas atrás eu havia dito que faltaria da reunião semanal da confraria. Estava dando um tempo para o fígado. Os confrades insistiram, mas eu estava decidido. No entanto, na última hora resolvi ir. E não é que os caras haviam combinado entre eles de levar apenas vinhões? Cheguei no restaurante e estavam dando risadas, dizendo que eu perderia grande vinhos! Até me mostraram as mensagens trocadas no Whatsapp, com o combinado maquiavélico...rs. Mas se derem mal! E eu, muito bem, pois realmente levaram grandes vinhos pensando que me fariam morrer de arrependimento. E vamos aos vinhões... 

O JP pegou pesado, levando um vinho que sou fã incondicional: I Sodi di San Niccoló 2009, de Castellare di Castellina. Ele já havia nos brindado com um do ano de 2007, que estava uma delícia. E este não ficou atrás. Que vinhaço! É feito em Chianti, com 85% Sangiovese e 15% Malvasia Nera. Riquíssimo ao nariz e em boca, e prato cheio para amantes de belos vinhos da Bota. Mostra notas de cerejas, ameixas, chá, tabaco, couro e sálvia. Em boca, repete o nariz e mostra grande frescor, proporcionado pela bela acidez italiana. Os taninos mostram presença, mas são bem redondos. Uau! Encantador! Eu adoro este vinho!
O Caião levou um belo Viu 1 2006, da Viu Manent. Este vinho já pintou por aqui, e dispensa maiores comentários. É a resposta chilena aos grandes Malbecs argentinos. É feito 94% Malbec e 6% de Cabernet Sauvignon. Os 20 meses de barrica contribuem para sua bela estrutura. É um ótimo vinho, com notas de figo e ameixa, em meio a chocolate e café. A Malbec dá o tom, mas a Cabernet Sauvignon deixa uma marquinha. É amplo e sedoso! Delicioso! Briga fácil com grandes Malbecs argentinos.
O Thiago também aderiu à sacanagem e levou outro vinhão: Paul Hobbs Pinot Noir Russian River Valley 2012. Bem, Paul Hobbs é um craque e seus vinhos são sempre muitíssimo bem feitos. Tem gente que diz que são "tecnológicos", sem nenhuma aresta. Neste caso, seja bem-vinda a tecnologia! Este em questão era um Pinot muito gostoso, de uma grande safra, com notas de cereja, especiarias doces e terrosas. Redondo e sedoso em boca, com boa acidez e mineralidade. O final era frutado e terroso. Foi ficando cada vez melhor com tempo em taça. Impecável.
E para finalizar os tintos levados pelos confrades sacanas, chega o Tonzinho com um super Australiano debaixo do braço: Velvet Glove 2013, de Mollydooker. Quem tiver curiosidade, visite o site da vinícola, que é bem legal. Os caras têm um lance diferente, que é o tal de "Wow factor", que segundo eles, é a surpresa causada pelo "fruit weight" de cada vinho.  Eles chamam de "fruit weight" a porcentagem do palato (desde a ponta da língua até o final) que é coberta pela sensação sedosa da fruta, antes que você entre em contato com as outras características do vinho. Eles consideram que um vinho tem que ter pelo menos 65% de "fruit weight" para ser considerado um Mollydooker. No caso deste Shiraz top (e bem caro...rs) da vinícola, o índice atinge 95-100%! Bem, maluquice ou não, o fato é que o vinho é explosivo! Além da garrafa sus generis, em um formato que lembra algumas de Champagne e um rótulo de veludo, em formato de luva, o seu conteúdo é marcante. Ao ser aberto o álcool é ainda um pouco saliente, mas em pouco tempo tudo se equilibra. E o vinho revela todo o seu poder. Ao nariz é riquíssimo, com notas de ameixas, amoras, café, chocolate, minerais e alcaçuz. Em boca é intenso ao extremo, mineral, especiado e com taninos ainda nervosos, mas de primeira. O tempo em taça vai lhe tornando mais amigável e sedoso, apesar a intensidade. E nada de ser enjoativo! Tudo era equilibrado com ótima acidez, mineralidade e aquele apimentado típico da Shiraz. O vinho é um soco com luva de veludo, literalmente! Para deixar bem caladinhos aqueles que ainda tem preconceito contra Screw Caps...rs. Pois é... Não tem rolha de cortiça. Ah, e só por curiosidade, todos os Velvet Glove foram avaliados com notas acima de 95 pela Wine Spectator. Se isso conta ou não, pelo menos é um atestado de que é coisa diferenciada... Bem diferenciada! Queria beber um com 10 anos de idade.
Bem, e o que levou este sortudo que vos escreve? Eu fui mais comedido. Não sabia que ia rolar a sacanagem e levei um vinho de simples mortais: Artadi Viura 2008. A vinícola é excelente, produtora do famoso Pagos Viejos, cujo exemplar de 2000 já pintou por aqui. Aliás, este vinho é feito com Viura de videiras de mais de 80 anos, plantadas no mesmo vinhedo do Pagos Viejos. Matura com as borras por 24 meses. Estava muito bom. Leve, baixo álcool, com notas cítricas, leve abacaxi e amendoadas. Fácil de beber e servir de entrada para os cachorros grandes citados acima. E tem bom preço para sua qualidade.
Pois é, confrades... Quando combinarem outra dessa, me dêem um alô que irei com o maior prazer...rs.



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