quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Dominio de Atauta 2004: Um Ribera diferente e pouco badalado!

O amigo Paolão já nos brindou com algumas garrafas do Atalayas de Golban (atualmente "Torre de Golban"), um Ribera del Duero muito bom produzido pelo Dominio de Atauta. Esta jovem vinícola produz vinhos a partir de uvas plantadas em solos arenosos e calcáreos em altitudes entre 950 e 1000 metros. Segundo o seu site, a área se localiza em um vale pelo qual passa um vento constante de oeste a leste, que limpa e seca as uvas. Além disso, há grande amplitude térmica, o que segundo eles, permite obter uma rica gama aromática nos vinhos. Bem, mas dessa vez o amigo Paolão brindou ao Fernandinho e a este que vos escreve com um vinho que fica acima do Golban, o Domínio de Atauta 2004. O Domínio de Atauta é feito com uvas selecionadas (Tempranillo), e matura 17 meses em barricas de carvalho de segundo uso, onde maturou o famoso Chateau Angelus, de Bordeaux. Este 2004, logo na primeira taça, mostrou ser diferente dos Ribera tradicionais. Aliás, causou até certa estranheza. Mostrava folhas secas, um lado herbáceo, em meio a cacau, notas minerais e fruta ainda discreta. Mas depois de um tempo foi se abrindo e a fruta começou a aparecer de forma mais incisiva, com notas de amora e cassis. Em boca seguiu o nariz, ou seja, fechado no começo, mas ganhando complexidade com o tempo. A acidez é muito boa e os taninos são maduros, mas secos. A mineralidade foi uma característica que me chamou a atenção no vinho. Realmente é um vinho distinto e que tem características que muito me agradam. E o legal é acompanhar a sua evolução na taça, característica de bons vinhos (tem alguns que morrem nela...rs). Quem for apreciá-lo deve ter paciência e se possível, decantá-lo por 1-2 horas para que ele desenvolva toda a sua potencialidade. Por outro lado, é divertido tomar um pouco no início para sentir o seu crescimento. Mas quem for apressadinho e esperar um espanhol ao estilo Parker pode se decepcionar. O vinho é gastronômico e deve acompanhar muito bem um leitão à pururuca (que beleza!). Belo vinho, Paolão! A propósito, o Dominio de Atauta é importado pela Mistral

2 comentários:

  1. Flávio, serviram o 2005 no Encontro da Mistral, naquele esquema da garrafa pra taça.
    Pela sua descrição, concluo que o 2005 está mais fácil e frutado. Lembro de uma boa mistura de mirtilo e chocolate. Agradou, mesmo em condições desfavoráveis.
    Abs.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Vitor,
      Eu me lembro também do 2005 no Encontro Mistral. Realmente era mais frutado já no inicio. O 2004 demorou a abrir e me pareceu mais austero. Eu, particularmente, achei o 2004 mais interessante pelo lado bem mineral. O representante da vinícola disse que os vinhos do Dominio de Atauta são pouco vendidos aqui no Brasil. Ele citou o exemplo do México, onde disse que consomem 10 vezes mais seus vinhos que aqui. Interessante isso.
      Abraços,
      Flavio

      Excluir