domingo, 1 de julho de 2012

De Chateau Kefraya a Domus Aurea e Brunello Altesino: Belos vinhos na Degustação Zahil em São Carlos

E nesse sábado passado a Mercearia 3M, do amigo Idinir, promoveu mais um belo enoevento em São Carlos. Dessa vez foi com vinhos da Importadora Zahil. E foi tudo muito bom. Além dos vinhos, o bom das degustações promovidas pelo Idinir é que não há miséria: É taça bem regada e repetições à vontade! É muito difícil ver algo assim. Além disso, um ótimo buffet, com queijos, frutas e massas. Bem, é claro que nem tudo são flores... A parte ruím ficou por conta de algumas pessoas pouco preparadas para eventos do tipo. E não era só por que eram iniciantes, isso todo mundo já foi um dia (e no imenso mundo do vinho, penso que seremos sempre). O problema foi o péssimo comportamento em um evento desta natureza. Na degustação prêmio teve gente se servindo pelas próprias mãos, antes mesmo que os trabalhos fossem abertos. O coitado do simpático apresentador dos vinhos quase se esgoelou de tanto que precisa falar alto para superar as conversas paralelas em alto volume. E o pior, a turma do "enche a taça antes de todo mundo", continou com a deselegância durante todo o período. Bem, mas esse é um problema difícil de resolver. Mas de forma alguma isso tirou o brilho do evento.
Vamos aos vinhos?
Havia uma lista muito boa. Vou citar alguns que gostei e ao final, os 4 que foram apreciados separadamente.
Gostei de um Sauvignon Blanc da Volcanes de Chile, o Summit 2900 Reserva 2011. Aliás, este vinho foi destaque no Descorchados 2012, como best value e também nos Top 100 da Revista Gula (safra 2010). O vinho tem bom preço e é bastante agradável, com boa fruta, grama cortada e notas minerais. Alí, na mesma mesa, gostei de um Aquitânia Syrah Reserva 2010, que não tinha excesso de extração e nem era geleião, com boa presença e notas minerais. Muito bom também pelo preço pouco acima de 50 pilas. Vale conhecer. 
E alí pertinho, estava o libanês Chateau Kefraya 2007. Este já havia apreciado em outra oportunidade (clique aqui) e gosto muito. Vinho rico, mineral, que pede decanter e também alguns anos para mostrar todas suas qualidades. Eu gostei bastante, embora ache que o 2002 que apreciei ano passado esteja mais pronto (clique aqui). Surpresa boa foi um primo dele, também do Líbano, que estava do seu lado. Era um Coteaux de Botrys Cuvée de L'Ange 2008. Vinho feito com Syrah, Grenache e Mourvèdre, que é redondo e muito elegante. Bem mais pronto que o Kefraya. E na mesma mesa, dois australianos muito agradáveis: The Stump Jump GSM 2009 (veja o que achei do 2008) e o The Footbolt Shiraz 2008, da tradicional d'Arenberg. O Stump Jump sempre agrada e é ótimo custo benefício e o Footbolt mostra muita especiaria, tabaco e fruta madura (sem exagero).  
Nos portugueses, destaque para um Callabriga Alentejo 2004, o mais pronto e complexo dos Callabrigas servidos, que incluiam um Dão e um Douro 2007, que merecem mais tempo de adega ou então acompanhar um belo leitão a pururuca para que seus taninos sejam domados. O Vinha Grande 2008, das Casas Ferreirinha, que também já apreciei (clique aqui) estava muito bom, como sempre.
Eu gostei também do Riojano San Martin Crianza 2008, de Baron de Oña (apesar de no começo a baunilha se apresentar bastante). O italiano Tosca sempre agrada, e pede uma massa com molho vermelho que é uma beleza!
A lista de argentinos era boa e incluiam vinhos da Rutini, La Rural e Salentein. Eu gostei do Numina 2006 (85% Malbec e 15% Merlot), principalmente depois de umas 2 horas em decanter, quando mostrava notas de figo, ameixa, aniz e chocolate ao leite, e de dois vinhos mais simples da La Rural: O San Felipe 12 Castas e o Cepa Tradicional 2006. Estes últimos não são vinhos complexos, e sim, fáceis de beber, leves, baratos e ótimos para o dia-a-dia. Ainda na linha dos bons de preço, destaque para o Killka Malbec e Portillo, escolhas boas para agradar convidados em um churrascão.
E fomos então para os 4 destaques da noite, apreciados em separado. O primeiro deles foi o Apartado 2006, de Rutini. Um vinho denso, feito com Cabernet Sauvignon, Malbec e Syrah (a WS cita Petit Verdot no lugar da Syrah...). Eu já havia apreciado o 2003, que achei melhor, pois estava mais pronto (clique aqui). Este 2006 ainda precisa de alguns anos para amaciar. Ao nariz, notas florais e de frutas, como a ameixa, figo e amora. Em boca, bem amplo e com taninos ainda por arredondar. Um vinho com potencial para envelhecer.
Depois do Apartado, fomos para um que gosto muito e que recentemente apreciei (clique aqui). Era um Domus Aurea 2007. Um vinhão! Nariz muito rico, com notas de cassis, terrosas, tabaco, e com o tempo, curry. Em boca, muito amplo, com taninos presentes mas corretíssimos. Um vinho que pede comida e que tem longo potencial de envelhecimento. 
Seguindo, fomos para o uruguaio Amat 2005. Este também já bebi e confesso que esperava mais dele  (clique aqui). Esta garrafa estava melhor que a outra que apreciei, mas mesmo assim, achei meio pálido, apesar do vinho ser bem feito e sem arestas.
E para fechar a noite, um da turma de meus preferidos: Brunello de Montalcino Altesino 2006. Vinho de grande safra e de produtor de categoria. A turma do "enche a taça sem pedir" tungava sem dó, e sem a noção de que Brunello tem que ser bebido com a alma. Estava delicioso! Embora novo para um Brunello, já estava perfeitamente apreciável. A Sangiovese mostrava sua força, com aquelas notas de cereja ao marrasquino, chá, couro e "aromas de Sangiovese", como diria meu amigo Vitor, do Louco por Vinhos. É um vinho de encher a boca e que tem muitos e muitos anos pela frente (recentemente bebi um 1995 que estava sensacional!. Fechou a noite com chave de ouro! 
Parabéns Idinir! Outro belo evento!

2 comentários:

  1. Isso aí, Flávio!
    Não é a Sangiovese que tem aromas de cereja, couro e chá... eles é que têm aromas de Sangiovese, a rainha!
    Quanto aos contratempos, agora vou seguir a dica da Marta Suplicy: relaxar e gozar. É o jeito.
    Valeu pela bela degustação. E perto de casa fica tudo mais fácil.
    Tem uma degustação aqui em Maringá na 4ª feira, só com vinhos americanos. Acho que vou.
    Te mandei um e-mail falando do Encontro da Mistral. Vou no dia 17 mesmo.
    Abç.

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    1. Isso aí Vitor! Eu ainda não tinha pensado nessa relação inversa dos aromas... rsrs. E como você disse, é a rainha Sangiovese!
      Bem, espero que em Sampa você não tenha os mesmos contratempos que teve no Rio. Como te disse, é dificil um raio cair duas vezes no mesmo lugar...rs.
      Que legal essa degustação de vinhos americanos. Eu conheço pouco deles. Deve valer a pena. E você ainda não terá problemas com aeroportos! kkkk... Eu vou tentar mudar para o dia 17 minha ida à São Paulo. Depois te falo no que deu.
      Abraços,
      Flavio

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